É chegado o momento de fazer uma reflexão sobre o Sport. Não sobre o que passou, mas sim para onde ele vai seguir. Primeiro é preciso saber onde ele está. O Sport está "perdido" e tem um sério problema de gestão.
Nos últimos 12 campeonatos brasileiros o Sport esteve na série B em 8 anos: 2002/2003/2004/2005/2006/2010/2011/2013. Disputou a série A apenas 4 vezes nestes últimos 12 anos: 2007/2008/2009 /2012. Logo a conclusão é óbvia: O Sport é um time mais da série B do que da Série A. Os números são incontestáveis!
Logo se vê que o problema do Sport não é apenas um problema sazonal de fácil solução. Nos últimos anos o que temos visto é um constante conflito entre torcida e dirigentes. Dinheiro nunca foi motivo dos fracassos do Sport. Torcida também não. O torcedor sempre quando tinha que escolher entre a paixão e a razão, ficou do lado do time e até hoje ainda fica, embora ele saiba que o time está na contra-mão da história.
O que faltou então ao Sport nestes 12 anos? faltou exatamente o que ele teve nos anos que foi vitorioso: Gestão de futebol. Nelsinho Baptista sempre foi mais que um técnico. Foi o verdadeiro gestor de futebol do clube. Além de ser um dos melhores técnicos do Brasil, ter um vestiário sobre controle e ter o respeito e admiração dos jogadores. Nelsinho era a referência do clube quando o assunto era futebol. Ninguém ousaria fazer algo no futebol do Sport sem a participação de Nelsinho.
Sem querer ser utópico, sabendo que não é possível a volta de Nelsinho e nem sempre é possível ter no clube um técnico que seja também um gestor de futebol, geralmente os técnicos sem metem nesta função exatamente pela falta de um executivo de futebol qualificado. Um bom exemplo de executivo de futebol de sucesso é Rodrigo Caetano, que sabe identificar o perfil do técnico ideal para o clube dentro das necessidades e das condições oferecidas.
Rodrigo Caetano foi administrar o Vasco rebaixado, na segunda divisão, sem dinheiro e endividado. Subiu com Dorival Júnior. Na primeira divisão quando o Vasco estava em dificuldade financeira buscou PC Gusmão que havia subido o Ceará. Tirou o Vasco do rebaixamento, revelou jogadores e montou a base do clube que foi campeão da Copa do Brasil e vice brasileiro.
O Vasco encheu os cofres de dinheiro com premiações, rendas e venda de jogadores. Somente Rômulo que foi revelado por PC rendeu ao clube 21 milhões de reais e o zagueiro Dedé também revelado por PC Gusmão e Rodrigo ficou super valorizado. De quem foi o mérito: Rodrigo Caetano que do barro fez ouro.
Rodrigo Caetano deixou o Vasco porque o presidente Roberto Dinamite achou-se no direito de dar palpite no futebol do clube.
Achou que entendia de futebol, assim como os dirigentes acham que entendem. Não, não entendem mesmo. Um coisa é administrar o clube, outra coisa é entender como funciona um vestiário de futebol. Resultado depois que Rodrigo Caetano saiu do Vasco o time caiu em desgraça financeira e técnica.
O torcedor vai dizer, tá cara pálida, mas o Sport não tem condições de contratar o Rodrigo Caetano que ganha R$ 500 mil reais por mês para ser o executivo de futebol do Fluminense. É ai que está a diferença entre o time pequeno e o time grande.
Rodrigo Caetano é o profissional mais barato do Brasil para um clube de futebol, porque ele dá resultado em campo e nos cofres do clube. O que o Vasco gastou com Caetano recebeu 100 vezes mais de retorno. Caro e aquele profissional que recebe 40/50 mil reais e não dá retorno nenhum.
Isso é pra mostra que no futebol não basta ter dinheiro para ter sucesso e é possível ter sucesso mesmo sem ter dinheiro. O que precisa ter mesmo é gestão de futebol e isso o Sport não tem.
Se o Sport tiver mesmo a pretensão de voltar a ser um time de sucesso, é preciso contratar um gestor de futebol que tenha carta branca. Que não precise pedir autorização ao presidente e muito menos a outros diretores para gerir o futebol no clube. Contratar, dispensar e comandar com pulso forte.
Pouca gente houve falar no presidente do Fluminense, porque as decisões no futebol são tomadas por um gestor que realmente manda no futebol. Essa é a fórmula para o sucesso.
Não existe somente o Rodrigo Caetano como gestor de futebol no mercado. Existem outros profissionais igualmente competentes. Quer um exemplo de um diretor que o Sport conseguiria contratar e que deixaria a diretoria do clube em condição absolutamente confortável. Adson Batista do Atlético Goianiense. Ele tem a mesma filosofia de trabalho do Rodrigo Caetano e tirou o Atlético de uma série C para série A. Um time sem torcida e sem recursos financeiros.
Outro executivo de futebol de sucesso é Raimundo Queiroz que foi diretor de futebol e presidente do Goiás e ganhou inúmeros títulos e montou a base do Santa Cruz em 2010. Nos anos seguintes o Santa entrou em uma aspiral de sucesso conquistando títulos em cima do Sport. Olha que o Santa é literalmente um time sem dinheiro e endividado. Raimundo que é odiado por muitos em pernambuco exatamente porque toma a frente nas decisões do futebol. Errando ou acertando é ele o responsável pelas decisões do futebol, nunca o presidente. Raimundo Queiroz subiu o Vitória (BA) o ano passado e acaba de ganhar o campeonato baiano.
Sem um gestor de futebol o Sport continuará na gangorra do sobe e desce. Sem um gestor de futebol o Sport precisa de um técnico de pulso no vestiário, um técnico que seja do tamanho do clube e não menor que ele. Sérgio Guedes não é esse técnico. Com Sérgio Guedes e sem um gestor profissional de futebol o Sport não irá subir.
Como exemplo de um técnico do tamanho do Sport vamos pegar Dorival Júnior que está desempregado. Dorival tem dificuldade de trabalhar onde não se tem um diretor de futebol profissional. Fez sucesso no Vasco com Rodrigo Caetano. Fez sucesso no Atlético mineiro porque lá tem Eduardo Maluf um dos melhores gestores do Brasil para trabalhar em time como muito dinheiro. Onde trabalhou sem um gestor forte não conseguiu fazer sucesso.
A responsabilidade de contratar um técnico que tenha o perfil do clube é do gestor. As vezes o clube descobre um técnico emergente que se encaixa perfeitamente sem gastar muito dinheiro. Caso do Goiás que sem dinheiro para bancar um técnico de primeira linha, apostou em Enderson Moreira que é extremamente competente e tem um perfil muito parecido com Nelsinho Baptista. Não tem o mesmo comportamento mas é competente taticamente. Hoje o Sport não consegue tirar o Enderson do Goiás. Se tirar, garanto que o time sobe mesmo sem um gestor.
Para bancar um técnico sem grande prestígio em um time de "massa" como é o Sport, o gestor precisa ser ousado. O Sport hoje é um time parado no tempo e seu torcedor, embora revoltado já está se habituando com o"chora hoje, apóia amanhã" e, assim segue em uma rotina de fracassos.
A crítica aqui é construtiva. Embora distante, acompanho o dia a dia do Sport muitas vezes, mais do que alguém que está no clube.
Pense, analise, reflita e tire suas conclusões. Para onde o Sport vai se continuar do jeito que está? A hora de mudar é agora. Não adianta promover uma caça as bruxas pedindo a cabeça de dirigentes e jogadores.
O que é preciso fazer, é dar um choque de gestão no clube. A atual diretoria precisa ter a sabedoria necessária para entender que contratar um gestor de futebol não é abrir mão do clube e sim abrir mão da vaidade pessoal em benefício do Sport.
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