Os clubes mexicanos disputam a Taça Libertadores da América.
A Austrália participa das competições asiáticas.
Israel está inserido no contexto futebolístico da Europa.
Existe ao menos uma dezenas de exemplos do tipo no futebol. Sendo direto e seguindo essa lógica, qual seria o empecilho de incluir o Flamengo na Copa do Nordeste? Acredite, a ideia é real e partiu da própria direção carioca.
De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, o presidente do Fla, Eduardo Bandeira de Mello, consultou o presidente da Liga do Nordeste, Alexi Portela.
Ambos confirmaram o teor da conversa…
“Ele perguntou se havia possibilidade. Por enquanto, acho que não. No futuro podemos pensar. Primeiro, precisamos consolidar a competição, que está voltando agora. Depois, poderia haver dois convites”, diz Portela.
Sobre o Nordestão, vale lembrar que há nele um erro histórico, com a ausência dos clubes do Piauí e do Maranhão, que chegaram a disputar a Copa Norte. Os dois estados devem ser incluídos no regional em 2015.
No caso da embrionária possibilidade de inclusão do Fla – e de até outro clube -, seria via convite, apesar de o Estatuto do Torcedor autorizar apenas o critério técnico.
A Copa do Nordeste foi autorizada pela CBF num acordo milionário, com a previsão de pelo menos dez edições oficiais. O torneio busca retomar a sua identidade, em parte perdida pelo caráter sazonal.
Economicamente, a presença do clube carioca poderia, sim, gerar renda. Segundo a última pesquisa na região, elaborada pela Pluri Consultoria, de fato o Fla tem a maior torcida, com 22,4%. O nordestino na melhor colocação é o Sport, em 5º lugar, com 4,8%, mas ao menos sete times da região têm torcidas acima de 1 milhão de pessoas. Alheio a isso, o mandatário carioca disse à Folha ter a maior torcida em todos os estados da região – incluiu Pernambuco, um erro, pois o estado é um dos cinco no país com clubes locais à frente.
Mas se tem algo que não se discute, é a presença local nas arquibancada, com ou sem agentes externos. Com base na tradicional rivalidade, a média de público foi de 8.350 pessoas por jogo no Nordestão de 2013, a maior em todos os torneios no primeiro semestre do futebol brasileiro, o que rebate a tal necessidade de convites. Não por acaso, o Fla vive entre a paixão a a rejeição na região.
A contrapartida da liga ao clube, o que realmente teria atraído o olhar de Bandeira de Melo, é o valor da cota. O campeão do Nordestão ganhará R$ 1,565 milhão em 2014. O crescimento das verbas para os 16 participantes subiu 54% em um ano, saltando de R$ 5,6 milhões para R$ 8,64 milhões. Há mercado.
Por outro lado, nota-se um entrave nessa história (ou jogo político) ao constatar que a verba do Carioca é de R$ 700 mil a cada partida do Fla (R$ 10,5 mi ao todo). Por que sair de um torneio mais rentável? Ninguém faria isso.
Contudo, enxergando a ideia na prática, há uma enorme contradição.
O Nordestão foi criado com o claro objetivo de fortalecer os clubes locais – com dinheiro, imagem e torcida -, alijados nas séries do Campeonato Brasileiro. Incluir logo a equipe de maior apelo nacional não poderia gerar descrédito junto aos torcedores dos clubes nordestinos?
A consulta de Bandeira pode ter mais consequências do que se imagina…
Via: http://blogs.diariodepernambuco.com.br/esportes/